São 16h20, a chuva passou e aparentemente as pessoas naquele terminal estavam mais calmas, mais leves e a tarde adormecia banhada por um raio tímido de sol que teimava em brilhar.
Já não era sem tempo me aparece minha nave fantástica, o “busão”, milagre! Quase vazio. Abro um livro (Cartier-Bresson – O olhar no século), a senhora ao lado me observa como que deseja saber o que eu estava lendo, lanço um sorriso no ar e lembro que esse que me espreita é meu Outro e como tal merece minha gentileza, pois que seria de mim sem sua presença no cotidiano? Lanço-lhe um olhar delicado, olho em volta… fotografo aquela realidade com sabor de eternidade… De repente, um insight! Minha bolsa esquecida no terminal, com documentos, alguns trocados para terminar as despesas do mês. Calma! Digo a mim mesma. Voltarei agora mesmo para checar se ainda está lá “meu tesouro”. Um riso irônico despontou em meus lábios… Só eu mesma para tal odisseia…
Chego ao terminal… O que há por trás desses homens todos? Observamos bastante? Quantas vezes? Lá estava eu a procurar aquilo que já não havia condição de encontrar. Fui à administração, caso alguém tivesse encontrado o objeto perdido e tivesse deixado por lá. A moça dos vales transporte sorriu graciosamente e disse: só se for um milagre. Respondi com ternura: eu acredito em milagres!
Recusando me incluir no círculo daqueles que desistem de acreditar, saí a caminhar na chuva cantarolando “… tem coisa qui prá mode vê, o cristão tem qui andá a pé”.
Cheguei em casa esperando um toque, um sinal…Quando já pensava no tal “plano B”… Um telefonema! Um jovem (pelo timbre de voz) falou: “Qual seu nome? Encontrei seus documentos. Olha, me desculpe abrir sua bolsa.” Foi devido a essa ação que pude ligar. Sim! Deixei sua bolsa com o administrador do terminal. Do lado de cá gritei: ainda existe gente do bem.
Mais um dia… Fui ao guichê procurar o administrador do terminal e estava lá a moça que me atendeu no dia anterior. Ela disse: a senhora é uma mulher de sorte. Sorri, agradeci admirando o humano em mim e fora de mim.
Agora, fazendo uma revisão do dia, medito sobre algo já meditado em um ângulo diferenciado: “as pessoas viajam para admirar a altura das montanhas, as imensas ondas dos mares, o longo percurso dos rios, o vasto domínio do oceano, o movimento circular das estrelas, e, no entanto elas passam por si mesmas sem se admirarem”. (S. Agostinho).
Celuy Araujo
Assuntos: Celuy Araújo
Texto maravilhoso, nosso Deus é liiiiiiiiindo ♥
Muito Lindo esse texto.. Realmente O Senhor Jesus é um Senhor que Opera Milagres na nossa vida.. Milagre é isso.. é quando ninguém mais acredita, que Jesus nos mostra que devemos acreditar sim.. O ditado mais certo não é aquele que diz “No final tudo dá certo, se ainda não deu é porque ainda não chegou o Final”.. O ditado mais certo é: Se não deu certo é porque Deus ainda não deu sua sentença.. O final é o sinal de Deus e sua intercessão sobre nós! Muito Lindo este Texto Celuy! Fique com Deus.. Um Grande Beijo!!♥♥
Que saudade tenho desse gigante de ser humano chamado de Celuy Araujo. Deus é fiel professora.