O Papa Bento XVI falou sobre a oração na Sagrada Família de Nazaré na Catequese desta quarta-feira, 28. Foi o último encontro das quartas-feiras, neste ano, entre o Pontífice e os peregrinos.
“A Sagrada Família é ícone da Igreja doméstica, chamada a rezar em união. A família é Igreja doméstica e deve ser primeira escola de oração. […] Uma educação autenticamente cristã não pode prescindir da experiência de oração. Se não se aprende a rezar em família, será depois difícil preencher esse vazio. E, portanto, gostaria de dirigir a vós o convite a redescobrir a beleza de rezar juntos como família, na escola da Sagrada Família de Nazaré. E, assim, tornar-vos realmente um só coração e uma só alma, uma verdadeira família”, destaca.
Nessa perspectiva, a família cristã reza na intimidade doméstica, “mas reza também junto com a comunidade, reconhecendo-se parte do Povo de Deus em caminho”.
O Santo Padre destacou que a Família de Nazaré é o primeiro modelo da Igreja em que, em torno da presença de Jesus e graças à sua mediação, vivem todos a relação filial com Deus Pai, que transforma também as relações interpessoais e humanas.
O Bispo de Roma ressaltou que é através da oração que nos tornamos capazes de aproximarmo-nos de Deus com intimidade e profundidade.
“A Casa de Nazaré, de fato, é uma Escola de Oração, onde se aprende a escutar, a meditar, a penetrar o significado profundo da manifestação do Filho de Deus, através do exemplo de Maria, José e Jesus. […] Na Escola da Sagrada Família, nós compreendemos porque devemos ter uma disciplina espiritual, se queremos chegar a ser alunos do Evangelho e discípulos de Cristo”, explicou.
Maria, José e “Pai”
Maria é o modelo insuperável da contemplação de Cristo, pois o é no seu ventre que o Filho se formou e tomou dela também uma semelhança humana. “À contemplação de Jesus, ninguém se dedicou com tanta assiduidade quanto Maria. As lembranças de Jesus, fixadas na sua mente e no seu coração, marcaram cada instante da existência de Maria. Ela vive com os olhos sobre Cristo e valoriza cada uma de Suas palavras. […] A atitude de Maria diante do Mistério da Encarnação, atitude que se prolongará em toda a sua existência: conservar todas as coisas, meditando-as no seu coração”.
A capacidade de Maria de viver do olhar de Deus é contagiante. O primeiro a fazer tal experiência é São José.
“O Evangelho, como sabemos, não conservou nenhuma palavra de José: a sua é uma presença silenciosa, mas fiel, constante, operosa. […] Assim, no ritmo das jornadas transcorridas em Nazaré, entre a simples casa e a oficina de José, Jesus aprendeu a alternar oração e trabalho, e a oferecer a Deus também o cansaço para ganhar o pão necessário à família”.
Outro episódio que vê a Sagrada Família de Nazaré reunida em um evento de oração é quando Jesus, aos doze anos, dirige-se com os seus pais ao Templo de Jerusalém.
“‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?’ (Lc 2,49). Após três dias de busca, os seus pais encontram-No no Templo, sentado entre os Mestres, que o escutavam e interrogavam (cf. 2,46). À pergunta sobre o porquê fez isso com seu pai e sua mãe, Ele responde que fez somente aquilo que deve fazer o Filho, isto é, estar junto ao Pai. Assim, Ele indica quem é o verdadeiro Pai, qual é a verdadeira casa, que Ele não fez nada de estranho, de desobediente. Permaneceu onde deve estar o Filho, isto é, junto ao Pai, e sublinhou quem é o seu Pai”, explica Bento XVI.
Assim, a palavra “Pai” abre o mistério e é a chave do mistério de Cristo, que é o Filho, e abre também a chave do mistério nosso como cristãos, que somos filhos no Filho.
“Ao mesmo tempo, Jesus ensina-nos como ser filhos, exatamente no estar com o Pai em oração. O mistério cristológico, o mistério da existência cristã está intimamente ligado, fundado na oração”.
A audiência
O encontro do Santo Padre com os cerca de 8 mil fiéis reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano, aconteceu às 10h30(horário de Roma – 7h30 no horário de Brasília). A reflexão faz parte da “Escola de Oração”, iniciada pelo Papa naCatequese de 4 de maio. O Pontífice iniciou uma nova seção, dedicada a Jesus e sua oração, na Catequese de 30 de novembro.
Na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa salientou:
“Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha saudação amiga, vendo a vossa presença como a ocasião propícia para confiar ao Pai do Céu as vossas famílias e os sonhos de bem que abrigam no coração. Recebei, como penhor de paz e consolação, a minha Bênção Apostólica”.
Fonte: Canção Nova
Assuntos: Papa