Para responder essa pergunta, o Canal da Música convidou a missionária da Comunidade Mundo Novo, Flaviane Montenegro. A cantora, que ganhou o cenário mundial ao ser um das apresentadoras da JMJ Rio 2013, falou sobre sua experiência como ministra de música. Formada em direito, Flaviane tem se revelado na música católica, desde 2011, quando lançou o seu primeiro CD: ‘Pétalas’.

Assim que eu senti o chamado para fazer algo a mais para o Reino de Deus, uma das coordenadoras da comunidade Nova Berith, para a qual eu acabara de entrar, indicou-me para o ministério de intercessão. Naquela época, no auge de minha imaturidade juvenil, eu tinha a certeza absoluta de que iria para a formação do tão cobiçado ministério de música, mas minhas ‘asinhas’ foram cortadas logo de início. Eu, por obediência, aceitei [a indicação] e fui ser intercessora.

Esse ano de formação foi muito importante para mim, pois Deus sabia de minha natureza. Eu fui trabalhada na minha vaidade, na vontade de aparecer, de estar na frente. Fui conduzida ao contrário do que queria; fiquei atrás, escondida, rezando. Descobri que para ser servo não é preciso aparecer, mas fazer Jesus brilhar.

O ano foi passando e as pessoas foram me pedindo ajuda para cantar nas Missas. Eu sentia que meu lugar era ali e não na intercessão. Por fim, no final do ano, não aguentei mais e, finalmente, fui conversar com a coordenadora da missão. Prontamente, ela me disse: “Estava esperando você vir conversar comigo. Eu nunca tive dúvidas de seu ministério. Só não entendia por que você era tão fiel na intercessão. Vá, Flaviane, e seja instrumento da ação de Deus por meio de sua voz. Que o seu canto seja intercessor para esse povo”.

Uma alegria a mais pelo serviço brotou em mim. Os anos se passaram e, certo dia, fui chamada para cantar numa Missa. O padre era bem tradicional e chegou para mim dizendo apenas uma frase: “Não fale nada, apenas cante”. Mais uma vez, eu obedeci, mas dentro de mim foi gerado um certo desconforto. Como aquele povo ia ser conduzido à oração sem que eu falasse, sem que eu pedisse, ao menos, que fechassem os olhos? Entreguei para Jesus a situação e lembro-me de ter pedido a Ele que tocasse as pessoas “só” com o meu cantar. No fim da Missa, pela primeira vez na minha vida, algumas pessoas vieram falar comigo, dizendo que se sentiram extremamente tocadas com a música daquela Missa e que haviam se encontrado verdadeiramente com Deus.

Esses dois testemunhos servem de ilustração para refletirmos, pois além de termos de assumir o ministério com amor, para evangelizar por meio da música, é necessário, antes de tudo, colocarmo-nos numa posição de serviço humilde. Como o Papa Francisco nos ensina, devemos sempre, em qualquer ocasião, entendermos que somos servos de Deus.

Evangelizar pela música é deixar que o Senhor opere por meio dela. Às vezes, a canção bem executada e empenhada com amor, dentro de uma vocação, já falará muito mais do que palavras e será suficiente para encontrar aquele coração sedento de Deus. O resto, deixe com o Senhor, pois não dependerá mais de você.

Conte: Canção Nova
Por: Flaviane Montenegro