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A espera

21 / nov / 2011

Já disse Fernando Pessoa: eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, sonhar sempre… Então que tal começar com o sonho de viver, viver a própria vida lançada no mundo com um quê de mistério, de sabor, de busca de si em um Universo vasto e fecundo onde tudo se transforma constantemente num piscar de olhos?

Nesse tempo de espera, vamos pensar em coisas lindas! Sim! Espera! É tempo de esperar o menino! A vida feita carne, o verbo, a luz que brilha nas trevas. Ei-lo que vem, entre panos, deitado numa manjedoura e, paradoxalmente, cheio de majestosa humanidade. Seu nome? Jesus! Diz cheia de contentamento sua mãe.

Entre luzes brandas e músicas invisíveis penso nele. Aqui sentada nesse banco de igreja, recordo tantos natais e após tantas congratulações, trocas de presentes, comes e bebes, ainda se espera aquele que já veio e que muitos ainda não viram sua estrela, para poderem ir adorá-lo.

Silêncio… Aqui está você, nesse sacrário e lá fora o ruído de buzinas, gritos de crianças e tantas outras cenas a se desenrolarem nesse palco chamado vida. Será que as preocupações com os trajes ocultaram a beleza verdadeira em que a citação “o essencial é invisível aos olhos” teima em poetizar?

Nesse colóquio me deparo com o sopro da vida tão sutil, tão precioso e agora a mão divina “invisível” se faz tão real sobre a humanidade me transportando as quimeras dos tempos de outrora. Ei! Vida! Quem teceu trajes tão perfeitos para revestir tão linda alma que agora se derrama nesse altar? Foi o vento? Foi a brisa? Foi o sol? A água? Lá dentro em um espaço de intimidade, a alma revestida de ouro e seda em constante espera do nascer daquele que a fez, se rejubila e grita em uníssono com o Universo juntos ao bruxulear das velas: foi Deus, o Pai criador, o Deus que se dá!

Do lado de cá, a parte da correria, pelo menos por alguns minutos, penso nas pessoas lá fora como uma grande procissão. Seguindo as luzes em busca de comprar o presente, caminham juntas em um mesmo sonho, em busca da felicidade que vem em pacotes muito bonitos. Ouço os cantos entoados de todos os lados… Eis aqui! Eis ali o que vocês procuram!

Anoitece nessa campina encantada… Daqui a pouco as luzes brilharão, sorrisos brincantes enfeitarão o cenário… E aqui eu e você em silêncio, à espera do grande espetáculo para que o presente do natal de fato apareça! Silêncio, a vida está sendo tecida…

A cidade dorme. Dorme em paz minha linda criança. Sonhe com coisas lindas! Eis que vem o Natal e com ele nosso PRESENTE.

 

Celuy Araújo

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  • Gilma 07/12/2011

    O texto acima é a verdadeira essência do Natal nos dias de hoje,onde o mundo e as pessoas passam despercebido o natal,pois como diz a autora do texto ,se preocupam com o material.Que texto lindo e profundo…

  • Laís Pereira de Farias 21/12/2011

    Lindo texto.. Ele me fez lembrar o tempo em que levávamos o Natal mais a sério.. Comemoravamos todos juntos, família reunida, mesa farta.. era tudo em total comunhão! Depois da ceia, abriam-se presentes! Era tudo muito bonito!! Jesus sempre presente.. ah como eu queria que todos vivessem esse espírito natalino de antes.. que na família não ficasse “cada um no seu quadrado”.. e que a correria do dia-a-dia, nesse dia abrisse as portas e desse passagem ao menino Jesus!!!!!!!!!!!

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