Austeridade e silêncio caracterizam a celebração da Paixão do Senhor. No clima das funções desta sexta-feira santa, 06, o Papa […]
Publicado em: 6 abril 2012
Austeridade e silêncio caracterizam a celebração da Paixão do Senhor. No clima das funções desta sexta-feira santa, 06, o Papa Bento XVI entrou sem música na Basílica de São Pedro, no Vaticano, usando uma mitra branca simples sem qualquer desenho, símbolo da sobriedade que o dia de hoje pede . As luzes da Basílica se apagaram temporariamente, enquanto o Santo Padre se colocou de joelhos diante do altar, conforme o rito da celebração.
A Sexta-feira Santa é o único dia do ano, no qual não se celebra a Santa Missa. Tradicionalmente, o pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa fez a homilia diante do papa e de todos os presentes.
O Frei, respondendo a uma dúvida de caráter teológico, explicou se as funções celebradas hoje correspondem à realidade passada ou é a própria realidade, uma vez que o fiel deve participar da celebração com toda alma e coração como “se estivesse diante da cruz”.
A liturgia “renova” o evento: quantas discussões, durante cinco séculos até hoje, sobre o sentido desta palavra, especialmente quando é aplicada ao sacrifício da cruz e à Missa! Paulo VI usou um verbo que poderia pavimentar o caminho para uma compreensão ecumênica sobre tal argumento: o verbo “representar”, compreendido no sentido forte de reapresentar, ou seja tornar novamente presente e operante o acontecido”, disse.
O frei capuchinho iniciou a homilia tomando como base alguns padres da igreja, que através de seus escritos exprimiram o significado da celebração de hoje.
“Ele, na cruz, derrotou seu antigo adversário. “As nossas espadas – exclama São João Crisóstomo – não estão sujas de sangue, não estivemos na arena, não temos lesões, nem sequer vimos a batalha, e eis que temos a vitória. Sua foi a luta, nossa a coroa”, citou.
O pregador também ressaltou que cada cristão deve enquadrar-se como ‘ator’ e não apenas como espectador do evento da paixão.
“Cabe a nós portanto escolher qual parte queremos representar no drama, quem queremos ser: se Pedro, se Judas, se Pilatos, se a multidão, se o Cireneu, se João, se Maria … Ninguém pode permanecer neutro; não tomar partido, é tomar um bem preciso: aquele de Pilatos que lava as mãos, ou da multidão que de longe “permanecia lá, a olhar ” (Lucas 23, 35). Se voltando para casa, nesta tarde, alguém nos perguntar: “De onde vens? Onde estivestes?”, respondamos, portanto, pelo menos em nossos corações: “No Calvário!”, salientou.
“Por fim, o capuchinho tomou o exemplo do bom ladrão, que segundo Ele reconheceu o que representava a morte do Cristo na Cruz e confessa seus pecados em um profundo desejo de conversão.
“Quantos crimes atrozes que permanecem, nos últimos tempos, sem culpados, quantos casos não resolvidos! O bom ladrão faz um apelo aos responsáveis: façam como eu, venham à luz, confessem a vossa culpa; experimentareis também vós a alegria que eu senti quando ouvi a palavra de Jesus: “Hoje estarás comigo no paraíso!”, concluiu.
Fonte: Canção Nova