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Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus. A cruz é a cátedra de Deus

09 / abr / 2020

“Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: É Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos”, disse Francisco na catequese desta quarta-feira.

“Nessas semanas de apreensão por causa da Pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: O que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”, pontuou o Papa.

Com essas palavras, Francisco conduziu sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira (08/04), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, devido à Pandemia do Covid-19.

Confira um trecho da homilia.

Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: «De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!»

Ele diz o contrário dos outros. Diz que Deus está ali, realmente.

Perguntemo-nos hoje: qual é a verdadeira face de Deus?

Geralmente, projetamos Nele o que somos, na máxima potência: o nosso sucesso, o nosso senso de justiça e também a nossa indignação.

Porém, o Evangelho nos diz que Deus não é assim. É diferente e não podemos conhecê-lo com as nossas próprias forças. Foi por isso que ele se fez próximo, veio ao nosso encontro e se revelou completamente na Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus. Porque a cruz é a cátedra de Deus.

Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho.

Nestes dias, todos em quarentena e em casa, fechados, tomemos essas duas coisas em mãos: o crucifixo, vamos olhá-lo, e abramos o Evangelho.

Isso será para nós, digamos assim, como uma grande liturgia doméstica, pois não podemos ir à igreja nesses dias. Crucifixo e Evangelho.

O Evangelho nos diz que quando as pessoas vão a Jesus para fazê-lo rei, por exemplo, depois da multiplicação dos pães, Ele sai. Quando os espíritos maus querem revelar a sua majestade divina, Ele os silencia. Por quê?

Porque Jesus não quer ser mal entendido, ele não quer que as pessoas confundam o Deus verdadeiro, que é o amor humilde, com um deus falso, um deus mundano que dá espetáculo e se impõe à força. Deus é onipotente no amor, e não de outra maneira. É sua natureza. Ele é assim. Ele é amor.

O que eu faço com um Deus tão fraco? Preferiria um Deus forte e poderoso.

Mas o poder deste mundo passa, enquanto o amor permanece. Somente o amor protege a vida que temos, porque abraça as nossas fragilidades e as transforma.

É o amor de Deus que curou o nosso pecado na Páscoa com seu perdão, que fez da morte uma passagem da vida, que transformou o nosso medo em confiança, a nossa angústia em esperança.

A Páscoa nos diz que Deus pode transformar tudo para o bem. Que com ele podemos realmente confiar que tudo ficará bem.

É por isso que na manhã de Páscoa nos é dito: “Não tenha medo!”. As perguntas angustiantes sobre o mal não desaparecem repentinamente, mas encontram no Ressuscitado o fundamento sólido que não nos deixa naufragar.

Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação.

Não se esqueçam: Crucifixo e Evangelho. A Liturgia doméstica será essa.

Fonte: Comunidade Shalom

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