Em 6 de agosto, celebra-se o Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos; Dom Walmor Oliveira comenta essa realidade
Nesta segunda-feira, 6, é celebrado o Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos. A fim de lembrar a data , a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN Brasil) promoveu, disponibilizando cartaz e oração própria para o dia, diversos atos centrais e celebrações neste domingo, 5.
“Quero lembrar o quanto esse dia de oração tem sido importante para os cristãos perseguidos. Nesse dia, aqueles que sofrem por professarem a mesma fé que você e eu têm em nossas orações um conforto, um momento em que sentem que não estão sozinhos, um momento em que Deus se vale de nossas orações para que eles saibam que somos verdadeiramente seus irmãos”, é a declaração do presidente da ACN Brasil, Frei Hans Stapel, no site da instituição.
Esta iniciativa da ACN, em nível de Brasil, tem apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). As paróquias em todo país receberam um kit com cartaz e oração própria para promover a data e unir as pessoas em torno desta corrente em favor aos cristãos que sofrem com a perseguição.
Para ontem, estavam programados nas arquidioceses de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Florianópolis atos centrais; celebrações preparadas para esta ocasião e com a participação de colaboradores da ACN. Em Olinda/Recife e Curitiba a data será lembrada em 12 e 6 de agosto, respectivamente.
Mesmo em pleno século 21, há diversas regiões do planeta em que casos de perseguição persistem. “Os avanços tecnológicos e científicos, infelizmente, não são acompanhados pelo desenvolvimento humanístico, tão necessário para que tenhamos a paz”, pondera Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo da arquidiocese de Belo Horizonte. “As novas tecnologias de comunicação, por exemplo, que deveriam contribuir para gerar mais união, não raramente tornam-se instrumento para a disseminação do ódio e de preconceitos. Todos precisam respeitar a dignidade humana. Isso significa, também, aprender a conviver com perspectivas diferentes, respeitando-as, mesmo que não haja concordância”, reitera o religioso.
De acordo com a 13ª edição do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo – disponibilizado pela ACN – que avalia a situação da liberdade religiosa em 196 países, incluindo o Brasil, o mundo atualmente sofre com um fenômeno denominado “hiperextremismo”. No Oriente Médio, por exemplo, os cristãos chegam a passar por situações como o êxodo forçado. “Desde o princípio do cristianismo, as pessoas que professam a fé em Jesus Cristo são perseguidas. O próprio Jesus foi crucificado”, lembra Dom Walmor.
O bispo, porém, não acredita que mesmo nestes locais de violência extrema o cristianismo possa desaparecer. “Mesmo com tantas perseguições e dificuldades, certamente, a Igreja não desaparecerá nos lugares em que os cristãos são violentamente perseguidos. A história ensina que a fé em Jesus Cristo supera adversidades”, afirma.
Em países como a China, declarar-se cristão é algo tão arriscado que os padres têm que celebrar as missas em locais secretos. A população não pode sequer mencionar que é católica. Coragem, para Dom Walmor, é o sentimento necessário para se levar a Palavra de Deus nesses locais. “Para os que alcançaram a maturidade na vivência da fé, proclamar a Palavra de Deus, mesmo diante das mais terríveis dificuldades, é motivo de alegria e gratidão. São pessoas admiráveis que permanecem firmes na missão, mesmo diante das perseguições”, assegura.
Para que casos de intolerância religiosa acabem, o bispo indica a retomada de valores como o amor ao próximo e a fraternidade. “A doutrina da Igreja ensina sobre a beleza do exercício da solidariedade, da capacidade de se alegrar com a felicidade do outro, o compromisso de estar ao lado das pessoas fragilizadas e de não tratar a vida como algo descartável. A humanidade precisa tomar consciência de que é preciso trilhar um novo caminho, superando as barreiras e as desigualdades. Há, certamente, um processo longo e complexo para se alcançar tal realidade”, reflete Dom Walmor.
O bispo alerta ainda sobre o radicalismo, que só divide mais os seres humanos. “Posturas radicais representam uma ameaça justamente porque não aceitam perspectivas que lhes sejam divergentes”, admite Dom Walmor.
“Quem é radical acha-se no direito de julgar o outro, perseguir, impor o que pensa e o que acredita. Para fazer valer o seu próprio modo de ver o mundo, admite até violência. Com isso, esquece-se de que a vida humana é sagrada. Quando a vida não é reconhecida como dom, todos correm perigo, a humanidade permanece ameaçada”, finaliza.
Apelo do Papa Francisco
O Papa Francisco, diversas vezes em seu pontificado, recorda essa realidade dos cristãos perseguidos. Em março de 2017, ele dedicou suas intensões de oração para o mês justamente a essa causa, pedindo que os cristãos perseguidos pudessem receber orações e ajuda material da Igreja em todo o mundo.